Mercedes anuncia fim da produção de automóveis no Brasil


Depois de quase cinco anos de atividades (leia aqui), a Mercedes-Benz anuncia o encerramento da montagem de automóveis na fábrica de Iracemápolis (SP). Segundo a empresa, a decisão tomada pela crise financeira, agravada pela pandemia da Covid-19. Em julho (leia aqui), o jornal alemão Handelsblatt já havia revelado a possibilidade de fechamento da planta brasileira, como parte da estratégia de reestruturação global da Daimler, que controla a marca alemã.

Com o fim das operações, a Mercedes deixa de montar por aqui o crossover GLA e o sedã Classe C, que passarão a ser integralmente importados. A medida terá impacto na renda de muitas famílias: a marca afirma buscar alternativas para os 370 funcionários da fábrica, entre elas um Programa de Demissão Voluntária (PDV). Ela fala ainda em “outras possibilidades que serão avaliadas em um futuro próximo”, indicando possíveis remanejamentos internos. Vale lembrar que as plantas de ônibus, em São Bernardo do Campo (SP), e caminhões, em Juiz de Fora (MG), seguirão operando normalmente.

Construída para evitar a cobrança do “Super IPI”, que, mediante o antigo regime Inovar-Auto, previa o acréscimo de 30 pontos percentuais no IPI de carros importados, a planta de Iracemápolis (SP) nunca chegou a operar a plenos pulmões. Antes da pandemia, como relatou o jornal alemão, ela já atuava “financeiramente no limite”. A queda nas vendas e na atividade econômica causadas pela Covid-19 foram determinantes para a decisão. “A situação econômica no Brasil tem sido difícil por muitos anos e se agravou devido à pandemia da Covid-19, causando uma queda significativa nas vendas de automóveis premium”, explica Jörg Burzer, membro do conselho da Mercedes-Benz para Produção e Cadeia de Suprimentos.

OUTRAS PREMIUM “BALANÇAM”

Tal qual a Mercedes, outras três marcas premium abriram fábricas no Brasil para evitar a cobrança tributária extra. Uma delas foi a Audi, que reativou sua ala em São José dos Pinhais (PR), onde produziu a primeira geração do A3 em parceria com a Volkswagen. Atualmente, a marca das quatro argolas monta apenas o A3 Sedan, já em fim de vida. O modelo está garantido apenas até o fim de 2020 (leia aqui): para o ano que vem, o futuro da linha de montagem da Audi no Paraná é incerto.

Quem também “balança” é a Jaguar Land Rover. A planta de Itatiaia (RJ) opera quase desde a mesma época da unidade da Mercedes (leia aqui), mas hoje monta apenas o Discovery Sport (leia aqui). Com capacidade fabril pouco aproveitada após a descontinuação do Evoque (leia aqui), há pouco a se comentar sobre seu futuro. Por ora, a única com trabalhos “garantidos” é a fábrica da BMW em Araquari (SC). Lá são feitos X1, X3, X4 e Série 3, além de serem realizados contratos pontuais, como relativo ao X5 (leia aqui) ou à exportação aos EUA (leia aqui).

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